O diário de Bridget Jones

O diário de Bridget Jones foi escrito por Helen Fielding e a adaptação para o cinema foi tudo menos engraçada. Tudo bem, eles tentaram. É difícil encontrar um livro de comédia que não seja forçado com piadinhas preconceituosas ou de cunho sexual. O livro é escrito em primeira pessoa, Bridget Jones, que nos brinda com seu diário, pensamentos mais íntimos (em que todo mundo diz que se identifica de alguma maneira – porque também é basicamente coisas que já pensamos pelo menos alguma vez na vida) e situações desastrosas e altamente cômicas.

O humor nos faz compreender que para sermos realmente engraçados na vida real, não podemos simplesmente “forçar a barra” e ficar querendo ser engraçado o tempo todo, aliás o nome disso é “sou um mala brega”, mas quem sabe se formos pré dispostos à catástrofes em geral e ao mesmo tempo tivermos ideias malucas para sairmos delas… Acho que o humor é ficção. Não existe humor na vida real. Woody Allen mesmo disse que sua existência não é tão engraçada quanto seu alter ego nos filmes. Não dá para ser. Nunca se é.

Comediantes de stand up e afins que o digam. Eles não conseguem ser engraçados o tempo todo. Aliás para se ser engraçado precisa ser pensado e ser muito inteligente. Na verdade, tem também aquele humor espontâneo que pode surgir das situações cotidianas etc, mas são mais imprecisos…

Bridget Jones é uma heroína de 30 anos que é independente e está a procura de um amor. Ela é uma espécie de My name is Kim Sam Soon só que não. Ela tem 3 amigas, ela é uma protagonista de I need romance só que não. Ela é surgimento desses super esteriótipos femininos que ganharam o mundo todo com o nome de chick lit quando livros e com o nome de mulheres imbecis contemporâneas etc.

É notória a verossimilhança aka paródia grande de Orgulho e Preconceito, se vocês não notaram aconselho notar. A própria Bridget Jones e amigas adoram demais o livro de Jane Austen e Bridget Jones até entrevistou Colin Firth (que fez a versão de 1995 para TV). Até o seu par – que ela conhece em uma festa de família (como Elizabeth conhece Mr. Darcy) – se chama Mark Darcy em completa alusão ao Mr. Fitzwilliam Darcy s2.

E o romance segue de tal maneira que muitas vezes você se pega lembrando de Orgulho e Preconceito. É como Orgulho e Preconceito e os zumbis só que não. Só que com comédia e sem uma cópia deslavada da versão original em que Jane Austen ressuscitou feito zumbi only ossos urrando demonstrando todo desprezo com essa injúria causada contra ela. Injuriada.

O que mais gosto nos livros da Jane Austen é que ela conserva aquele humor fino e sutil ao longo de sua escrita rebuscada e é realmente um primor com aqueles diálogos que te lembram uma partida de tênis. A história, o romance também são lindos s2, mas o que mais me chamou a atenção sempre foi a comicidade de suas palavras. Aquela dor de rir de uma verdade zombada e de uma sociedade idiota. (Enfim, não é esse o livro em análise rs)

O diário de Bridget Jones é tão bom comicamente que você pode ler um capítulo do livro e sair escrevendo comédia e contando piadas durante pelo menos uma semana. Parece exagero, mas realmente é assim que me sinto quando leio. Acho que já li umas três vezes, porque assim como Orgulho e Preconceito é um remédio para estar à beirada da cama, O diário de Bridget Jones também é um santo colírio(?).

Ele é tão inspiração que é assim que classifico um livro de comédia como bom. Um bom escritor simplesmente vai te fazer imitar até inconscientemente o modo como ele escreve (experiência própria), você acaba de ler um livro tão alucinado que fica que quase escreve um igual ou uma paródia dele logo em seguida. Se você teve vontade de fazer isso, é porque é bom.

Bridget se envolve com um colega de trabalho mulherengo e arrogante (Daniel) e outras situações-confusões até que Mark se encanta por ela de alguma forma e eles começam a namorar. O segundo volume do livro não é tão bom quanto o primeiro, não sei se porque quando você está namorando a sua vida se resume a um porre só, se estamos já cansados da história, ou se ela estava realmente menos inspirada e mais obrigada a fazê-lo só porque o primeiro foi um sucesso. Isso também pode ser opinião minha em exceção, já que a minha irmã gostou bastante do segundo volume.

 Ela tem as paranoias da mulher moderna, se preocupa com dieta, com as roupas, não é organizada, não sabe fazer nada na cozinha, é ciumenta e exagerada, procura ajuda nas situações em que se envolve nos seus livros de auto-ajuda (aliás todo a sabedoria dela provém de auto-ajuda), ela é o caos em pessoa. Fica claro que através das risadas também estamos levando um tapa na cara por sermos exatamente como ela, contudo, é uma personagem cativante, engraçada e amada por nós todos. Ela possui senso sobre amizade, amor e companheirismo e no fundo a simplicidade e a sinceridade dela não são tão ruins assim. Ela é ela o tempo todo sem medo de ser feliz ou de você rir disso.

Sem forçar comédia ou fingimentos, esse foi um livro original que inovou em comédia e romances para “os tempos modernos” tanto que foi escrito em 1996 e até hoje pode ser lido sem medo pela sua atemporalidade. (Será?)

Na primeira página ela começa com as resoluções de final de ano do que vai ou não fazer:

“NÃO VOU:

(…) Desperdiçar meu dinheiro com: máquinas de fazer macarrão, sorvete ou qualquer outro utensílio culinário que jamais usarei; livros de autores que nunca conseguirei ler e que só servem para impressionar na estante; lingerie exótica, inútil já que não tenho namorado.

Ficar em casa em atitudes indecorosas, e sempre imaginar que pode ter alguém olhando.

Gastar mais do que ganho.

Perder o controle dos papéis empilhados pela casa.

Ficar interessada em qualquer um desses tipos: alcoólatras, workaholics, homens com horror a compromisso, os casados ou que têm namorada, misóginos, megalomaníacos, chauvinistas, babacas emocionais ou interesseiros, pervertidos.

Enlouquecer por causa de homem, mas sim ter relações com base numa avaliação madura do caráter.

Falar mal de ninguém pelas costas, mas sim ter uma postura positiva em relação a todo mundo. (…)

EU VOU:

Reduzir a circunferência das coxas em 7 centímetros (ou seja 3,5 centímetros de cada lado), fazendo uma dieta anticelulite.

Tirar tudo que é irrelevante do apartamento.

Não sair toda noite, mas sim ficar em casa lendo livros e ouvindo música clássica.

Comer mais legumes.

Levantar da cama assim que acordar.

Organizar as fotos em álbuns.

Preparar uma seleção de fitas que dão “o clima” para ter sempre à mão as melhores músicas românticas/para dançar/excitantes/feministas etc. em vez de me transformar em uma espécie de DJ bêbada com todas as fitas espalhadas pelo chão.

Criar uma relação sólida com um adulto responsável.

Aprender a programar o videocassete.”

“Ó e agora, o que Jessica Jung acha disso?”

Esse post foi publicado em Livros e marcado , , , . Guardar link permanente.

6 respostas para O diário de Bridget Jones

  1. Pers_core disse:

    Eu adorei tanto o livro quanto ao filme, mas é claro que o livro é bem melhor. Quanto à Jane Austen eu preciso confessar que tenho um certa birra com ela!

    • migraziele disse:

      Você leu Jane Austen? É mto bom! rs. Vc tem que ler tds, são só 6.
      Eu confesso que ela fez a minha cabeça e a maior das minhas ideias, depois de um tempo, você percebe que tudo que ela diz faz todo o sentido. rs

  2. Pers_core disse:

    Li sim migraziele!! Mas acho a Jane Austen ás vezes devagar…… rsrsrs

  3. Oi…faz tempo que nao passo por aqui, né? Então…sou viciada em Jane Austen..ja li todos os seus livros, ja vi os filmes.. enfim.. a adoro.. srsrsrs
    nunca li o primeiro livro de Bridget jones.. li o segundo e achei muito fraco na verdade.. o filme foi mais “engraçadinho”, usei as aspas pq quase nao ri nele.. achei-o mais voltado aos problemas da relação e consequentemente ao drama
    kkkkkkkkkkkkk
    Vou ver se baixo o primeiro pra ler xD
    Bjss

  4. Julyanna disse:

    Guria, eu achei seu blog e sua eloquência simplesmente fodas!

Deixar mensagem para migraziele Cancelar resposta